sábado, 17 de março de 2012

Inspiração

Nestes dias nada escrevi, só hoje voltei ao blogue.

Pintei este quadro, inspirada pelos tons do mar ...sempre ele!


Foi pintado em acrílico muito diluído sobre MDF revestido de tela fininha. Adoro este material, permite efeitos lindos.

Alfred Brendel , Claude Abbado e Beethoven

Oiço-os no MEZZO. 3º Concerto de Beethoven. Êxtase . Emoção. Harmonia. Sensibilidade. Sintonia perfeita.

Tantas vezes ouvi este concerto na minha casa da infãncia ou em casa dos meus avós, junto ao rádio sempre sintonizado para a Emissora 2, que o meu Avô adorava à falta de um gira-discos ou grafonola. Nunca os teve, embora fosse um amante incondicional dos grandes clássicos e românticos e das óperas italianas. Comecei a ir a concertos no Coliseu aos dez anos e era já com emoção que me deixava impregnar deste amor à música, sem a qual a minha vida seria tão mais cinzenta e ausente.

Os dedos percorrem as teclas e adivinho o som que vai sair, prevejo a tonalidade sonora, antecipo a pausa, deslizo com as escalas, embalo-me na orquestra e sob a batuta do maestro.

O ambiente é divinal. Brendel está velhinho,
os seus óculos tremem assim como o seu cabelo branco, mas os dedos não falham um trilo, um bemol ou sustenido. Tocar assim deve encher uma vida. E enriquecer a dos outros.

O Allegro salta como um adolescente aventureiro depois do adágio melancólico e pausado. Tudo vibra, os músicos seguem as notas que sabem de cor, tantas vezes já tocaram este concerto.
Brendel toca a cadenza, a orquestra espera ansiosa pelo remate final. Os sopros dão um ar da sua graça ou não fosse esta obra de Beethoven. Suspense , os violoncelos criam a expectativa em tom plangente, logo seguidos pelos violinos. Pizzicatos em surdina preparam a apoteose final.Abbado sorri, as trompetes sorriem também. E os clarinetes e as trompas....acompanham o sorriso dos dedos de Brendel. Perfeição no écran.

Fica aqui um video (com outros intérpretes) para comprovarem esta maravilha. Se Beethoven não tivesse vivido, o mundo da música seria menos surpreendente e nós muito mais pobres.

terça-feira, 13 de março de 2012

Três quadros abstractos

Fi-los nestes dias.

Gosto da variedade de cores, das nuances e formas...dá para imaginar tudo ao olhar para eles.



Será que é hoje

que ganho o Euromilhões??

Hesitei bastante em deslocar-me à Baixa hoje porque está calor e ando cansada, sem saber bem porquê. O calor assusta-me na cidade, adoro o sol junto ao mar, mas a poluição, os escapes, a sujidade e a poeira são-me hostis, sinto-me mal e só quero voltar para casa.

Mas fui, por duas horas, só passeei na Sá da Bandeira e vi umas montras em lojas já com saldos há meses e que nada têm para oferecer. No meio delas uma daquelas lojas de perfumaria, cheias de produtos chiques, que nunca comprei, nem conheço, nem uso. Impressiona-me como é que sobrevivem com frascos e frasquinhos, bisnagas e bisnaguinhas, aparentemente sem clientes, limpas, lindas e vazias...ao passar na Casa da Sorte, joguei no Euromilhões, será que é hoje que vou ganhar???

Depois o "abismo" das cores...ou seja a minha loja preferida da Baixa do Porto: M.Sousa Ribeiro, o mundo das artes em dois pisos ,

qual deles mais aliciante...adorava trabalhar numa loja destas, mesmo sem ganhar nada, estar lá umas horas a ver o movimento, os materiais, saber mais sobre o seu uso, mas nunca gasto mais do que uma meia hora lá dentro. Têm uma mesa onde nos podemos sentar e experimentar materiais...mas nunca me sentei. A colecção de telas é enorme, há-as de todos os feitios ( até redondas) e de materiais. Tintas acrílicas de marcas desconhecidas, pasteis de óleo , caixas e caixinhas, penso que qualquer pessoa que fosse criada no meio destes materiais, ficava artista.
Comprei 3 telas de MDF - 50x45 - são quase quadradas e cabem muito bem nas molduras do IKEA, como já experimentei nos quadros da exposição do Vivacidade, que "abrilhantam" agora a sala do meu filho por cima do piano.
Vim de autocarro com o saco bem pesado, mas havia lugar sentado e gosto de me misturar com o povo, sentir-me mais uma na multidão, ajudar quem tropeça ou se segura mal, sair aqui no Campo Alegre e respirar...a Primavera chegou, as árvores estão cheia de brotos e , embora não chova, parece que o ar de mar purifica tudo.

Agora em casa, oiço o Mezzo, excertos magníficos, como esta peça de Massenet aqui tocada pelo célebre flautista Zamfir: