sábado, 10 de março de 2012

Quando calienta el sol

Vamos com prazer para a praia, mesmo que seja em Março.

Hoje nem era preciso casaco, tive de o meter no saco, dobrei as calças até ao joelho, descalcei as botas, arregacei as mangas e , mesmo assim, estava calor intenso cá fora na varanda do meu querido café dos Ingleses. Com receio do sol todos
os comensais se tinham abrigado debaixo dos guarda sois ou no café, onde as janelas panorâmicas deixavam avistar um mar imenso, com ondas altas, desdobrando-se umas sobre as outras e vindo morrer em branca espuma aos nossos pés.

Gosto daquela varanda porque tenho sempre a sensação de estar num navio, sós se vê uma nesga de areia e as rochas. A praia maior fica do outro lado. Hoje já havia alguns afoitos a molhar os pés ou mesmo um mergulho rápido. Quase não havia gaivotas, deviam estar abrigadas do calor em qualquer outro lado mais fresco. Cheirava a maresia quando cheguei, o que nem sempre acontece. É um cheiro a algas que me inebria. Li mais umas páginas de "pequenas Memórias" de Saramago,um livrinho muito interessante, que me está a agradar imenso pela ironia e facilidade com que descreve as suas pequenas façanhas da infância e adolescência.

Hoje ouvi Vivaldi, não muito alto para não abafar o barulho das ondas, que era tronitruante. Este compositor é sempre surpreendente para mim, agora que oiço o meu neto tocá-lo duma forma tão expressiva. Os concertos para flauta, oboé ou violino são lindíssimos e transmitem uma alegria íntima e serena.

fica aqui um excerto de La Notte, concerto para flauta dos que mais gosto. O meu filho tocava-o em tempos...que saudades.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Parabéns, Pai

Embora hoje seja o Dia Internacional da Mulher, não posso deixar de falar de um Homem que nasceu há precisamente 100 anos em Goa, Índia. É o meu Pai. Será sempre um exemplo, um pilar, um orgulho e uma memória viva em todos nós seus filhos, netos e bisnetos. Faleceu há 32 anos, cedo demais, mas deixou uma obra excepcional na área da Pediatria e um legado importante para a sua família tão numerosa.
Já aqui escrevi sobre o seu percurso em 5/12/2010, no aniversário da sua morte, de modo que não vou fazê-lo de novo, remeto-vos para um artigo escrito pelo meu Irmão Mário na revista Pais & Filhos

http://www.facebook.com/#!/photo.php?fbid=10150571002276008&set=pu.173249606007&type=1&theater
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Fica aqui um quadro que fiz há tempos em MDF e que lhe dedico, ele que amava a Natureza e que nos ensinou a amá-la também dum modo especial. Adiciono um excerto da Sinfonia nº 5 da Mahler, o célebre Adagietto, que serve de background ao filme que ele tanto apreciava : Morte em Veneza de Luschino Visconti.


Parabéns , Pai

segunda-feira, 5 de março de 2012

Vergonha

É o nome dum filme, não me refiro à situação do país. Até agora, consegui não misturar a política com as artes, mesmo que haja relações entre ambas. E assim farei sempre que possível.

Fui vê-lo ontem, principalmente por causa do
actor principal , Michael Fassbender, um germano-irlandês ( mistura explosiva) que me fascina. Já o vira a interpretar Rochester
em Jane Eyre, um dos melhores filmes que vi no ano passado e em Um Método Perigoso, em que interpreta Carl Jung, contracenando com a linda Keira Knightley

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É um filme diferente de que, paradoxalmente, se aprende a gostar, finda a exibição e passadas umas horas; deixa-nos a pensar, a matutar e a admirar a sobriedade do décor, a profundidade psicológica daquela personagem, o ghetto em que vive e o desespero perante a inevitabilidade da sua dependência.
Este tipo de filmes lentos e intimistas causam algum embaraço aos espectadores. Reparei que muitos ficaram sentados nas cadeiras, mesmo depois do filme terminar.
Vergonha é considerado um excelente filme pelos críticos, um filme que Hollywood ignorou, não havendo qualquer nomeação para óscares, porventura porque é um filme ousado, com cenas de sexo explícitas e um tema pouco ortodoxo.