domingo, 21 de outubro de 2012

Fim de tarde no jardim das maravilhas

O sol apareceu de repente no fim dum dia que já julgaria morto, cinzento e triste.
Os raios brancos penetraram nas nuvens e invadiram subitamente o jardim, onde fora em busca de alguma paz.
Sentia-me triste, em modo Vivaldi - Outono-, depois de ter estado horas a importar música barroca para o meu I'Tunes e, sabendo que o meu filho partira para a Àsia às 6 da manhã.

O jardim estava cheio de gente miúda que ali fora para ver a expo dos Insectos, patente ao público até Dezembro e que irei ver com os meus meninos um dia destes.
No café japonês, a mesma paz de sempre, um cházinho de menta com mel e um brownie de chá verde, ideal para me pôr em estado Zen.

Duas crianças brincavam junto ao lago de nenúfares, sarcófago da minha Leica. Riam-se a punham pedrinhas nas grandes folhas aveludadas, fazendo círculos até as pedrinhas terem o mesmo destino da minha querida máquina...há coisas que nunca se esquecem...e esse episódio ainda hoje faz corar de embaraço o meu neto querido que cometeu a travessura.

Fotografei-os sem receio. Quase que não se lhes vê os rostos, são crianças anónimas, felizes junto ao lago. Uma imagem rara nos dias que correm.


 Fui depois ver o caramanchão de vinha virgem, antes que a luz desaparecesse. Ali estava ele, preparado para mais um festim de outono, dir-se-ia que à espera duns noivos para a sua primeira noite de amor, resguardados num manto vermelho e castanho, mais belo que qualquer cetim ou tule ou mesmo seda.



Uma tarde linda, que mereceria um poema, se eu conseguisse fazê-lo...mas só consigo senti-lo cá dentro, mesclado da minha melancolia,  palavras soltas, multicolores como estas folhas de outono,  dançando lentamente ao som dum adagio de Vivaldi.