sábado, 18 de agosto de 2012

Gente da terra

Hoje estive em grande conversa com o Baltazar, sujeito da terra, que conheço desde os seus vinte e tal anos , filho de pescador, que sempre foi o jardineiro e zelador destas casas, ganhando o seu vencimento pago por todos nós a meias, e fazendo vida bem melhor do que a dos seus antepassados.

Enamorou-se de uma empregada da minha irmã, que veio com ela de Coimbra em meados dos 70 e acabou por casar com ela. Juntos fizeram muito dinheiro, ela tratando das limpezas das casas e lavagem de roupas - com várias assalariadas a seu cargo,- ele tratando de todos os jardins que na altura começaram a surgir por aqui e mais além. Tiveram dois filhos, já têm seis netos, vivem as suas vidas sempre com aquela filosofia algarvia dolente e do seja o que Deus quiser. Eles próprios fizeram grandes negócios com alugueres de casas, ficando com uma percentagem generosa para si.

Sempre achei graça ao Baltazar, tinha aquela pronúncia daqui e frases muito típicas -" Os seus filhos são umas cabeças, menina Virgininha!"..." coitadinho do Sr. Dr. ( meu Pai) que gostava tanto disto e foi tão cedo embora!"....fico sempre comovida como se lembram de todos. Nós somos oito filhos!!! E só netos são 21. É bom ser-se tratado por menina.....:)

Os meus sobrinhos começam agora a conhecer-me, visto que praticamente não me vêem e são pequenitos para se lembrarem de mim. Já descobriram que a casa aqui tem iogurtes e bolachas e uma tia e dois primos. Andam felizes da vida....embora morem noutras casas.

 A Calheta - pequena baía aqui em frente - está cheia de veraneantes que fogem da praia grande, demasiado cheia de gente e gostam de se espraiar nas rochas junto ao mar. Ouvem-se todas as línguas, uma autêntica algaraviada. A água continua límpida e fria, como eu gosto...hoje já tomei dois longos banhos que me souberam pela vida.

Isto continua a ser um paraíso com muita animaçao - demais - em Agosto - para meu desgosto - mas lindo de morrer.