sábado, 9 de abril de 2011

Requiem para uma Amiga



A minha Avó materna faria hoje 113 anos. resolvi homenageá-la através da lembrança de uma planta, de que ela gostava e que já fazia parte da família. Infelizmente morreu nestes inverno, não se sabe porque. Não foi nenhum tsunami, nem o vento, nem a chuva. Morreu porque sim.

A minha Avó comprou-a aquando do casamento da minha Mãe em 1940. Ficava bem no canto da grande marquise da Rua Vale do Pereiro em Lisboa, Avó aconselhava-nos a não chegarmos muito perto pois podíamo-nos picar ou magoar. Ainda me estou a lembrar da cena.
Quando a minha Avó teve de deixar o apartamento onde vivia porque o prédio ia ser vendido para construirem um mais moderno e quase todos os moradores tinham morrido de velhos e só a minha Avó se mantinha lá nesse 5º andar sem elevador, o meu Pai que gostava muito de plantas, sugeriu levá-la para a Luz, pois tínhamos comprado a casa em 1964 e ainda não havia árvores por ali. Plantaram-se duas, uma que a minha Avó tinha conseguido fazer germinar a partir dum caroço de tãmara e esta, a da família, que já teria uns vinte e cinco anos. foi plantada na parte inferior do jardim, mesmo em frente da casa e via-se à distância. Levou tempo a pegar, estava muito delgada, parecia que não vingava e que acabaria por morrer. A de cima, a mais nova, ficou linda, mas teve de ser cortada, pois ao meterem os canos de água, cortaram-lhe a raíz e ela ameaçava cair em cima da casa ou no jardim.
Um dia a nossa velha palmeira começou a crescer e a crescer, de tal modo que ocupava um grande espaço no jardim de baixo, fazia sombra e alguns miudos gostavam de jogar a bola por ali. Lembro-me de fazermos um piquenique numa tarde em que uns amigos nossos alemães nos foram visitar. Lembro-me de cortarem os ramos secos e do meu filho joão montar uma casinha só com ramos tipo palhota, onde se escondia, todo risonho. Lembro-me dos belos cachos doirados que, ao pôr do sol pareciam lingotes em cascata. Lembro-me das noites de luar, em que a palmeira em contra-luz dava àquele jardim uma atmosfera tropical, paradisíaca, duma beleza infinita. Ainda no ano passado tirei estas duas fotos do luar. Lembro-me de a pintar em pastel, há dois anos, já muito depois do meu sobrinho Pedro ter escrito um texto tipo diário da palmeira, que a minha Mãe guardou religiosamente. A palmeira era o ex-libris da nossa casa.

Tinha dito aos meus filhos que, quando morresse, queria que as minhas cinzas fossem enterradas ali, onde estavam as minhas raízes, o único local , onde toda a minha família alargada esteve e foi feliz.

Ficam aqui algumas fotos tiradas nos vários anos que ali passei.Vai-me fazer impressão não a descortinar da varanda nas noites de luar.

ADEUS, AMIGA! Até sempre!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Tsuruko Yamazaki

Ontem à tarde, quando tomávamos uma refeição leve com amigos dos meus filhos, depois da exposição, falou-se de um pintora japonêsa d'avant-garde, que usa técnicas muito díspares nas suas obras obtendo efeitos maravilhosos.
Eis um texto da net em inglês que nos apresenta a famosa pintora quase desconhecida na Europa.
Tsuruko Yamazaki(b.1925, Ashiya, Japan), who was a member of the Japanese avant-garde movement called the ‘Gutai movement’ from 1954 to 1972, mostly produces expressionist and avant-garde works. In Yamazaki’s works, light, colors, forms, materials and subject matter work as one life and show a world that is repeated in unlimited, mutual chains. Influenced by the Gutai movement, each life in her works makes one element that constitutes the whole, and one life is connected to another life. At the same time, one life sometimes disappears from the whole or dominates the whole. Such dynamic expressions of the artist gain their meaning in that they have interest in every existence and new possibility that does not fall behind the times. The image, which is made in a situation that is connected infinitely to the chains of each element, suggests images of an unfamiliar world to the audience. The artist creates live colors by mixing several shades of colors and unexpected shadows on metal materials, and makes the audience feel the oppressive force that comes from the strength of each medium.

As cores são magníficas e a leveza com que a tinta surge aplicada nos quadros surpreende-me.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

EXPOSIÇÃO: DA REALIDADE AO SONHO

Será hoje às 17 horas.

Estou nervosa, embora saiba que o que está exposto é belo e pode aliviar um pouco este clima de tensão em que todos estamos a viver. Em momentos de crise, nada melhor do que a música ou a arte para nos consolar criativamente e subir a moral.

Fico feliz por contribuir para isso.

A minha Amiga Regina fará uma apresentação, os meus filhos e netos irão tocar peça clásicas e menos lássicas. Será servido também um Porto de Honra e ver-se-ão dois vídeos.

Deixo aqui os vídeos que fiz há dias com a evolução de algumas das minhas obras abstractas e figurativas, com música de fundo.
Serão dedicados a quem não pode vir ao Porto ver a expo.



quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ainda a Primavera em tons de verde



Enche-me de alegria ver as folhas das árvores a brotar dos ramos, lentamente, cada uma a seu ritmo, sem pressas, gozando da plenitude deste sol quase tórrido e pedindo uma chuva mansa, que volta e meia vem cair neste jardim.

Da janela do meu quarto vejo tudo isto em transformação, as várias estações que se sucedem rapidamente e que nos lembram que a nossa vida também corre vertiginosamente e que as nossas estações têm, elas também, os seus encantos.

Há duas tílias grande no jardim aqui vizinho. Uma já está frondosa, linda, espessa, impedindo-me de espiolhar o que se passa na casa, outra, mais novinha que só agora começa a deitar os seus rebentos e que parece nua, no meio de tanto verde.
Nos jardins mais à frente, é um bálsamo olhar os cambiantes de cor nas plantas que se erguem para este céu tão azul.

Ontem passei pela Rotunda. Estava gorgeous, como diriam os ingleses...árvores e sombras, numa dança que do autocarro consegui descortinar e fotografar.


Amo a natureza....amo esta estação do ano...amo as tardes grandes e longas....amo a Vida.



Para terminar, dois poemas de Sophia alusivos à quadra, num vídeo maravilhoso com música de Chopin.

domingo, 3 de abril de 2011

DIA DO LIVRO INFANTIL

Ontem celebrou-se o Dia do Livro Infantil. Li no Público o depoimento de várias pessoas que escrevem e outras que só aconselham vários livros para os mais pequenos. Pessoalmente, há livros que me encantaram quando era criança. Lembro-me do Feiticeiro de Oz, numa edição grande com os desenhos originais a preto e branco, os livros da colecção Azul,
com predominância para os da Condessa de Ségur, que líamos vezes sem conta. Mais tarde comecei a ler os Cinco, um primo meu ofereceu-me o primeiro quando fiz 10 anos. A Editorial Notícias publicava um de vez em quando e ele encarregava-se de nos oferecer os livros mal eles chegavam. Ás vezes havia bulhas lá em casa pois todos queríamos ler ao mesmo tempo. Um pouco mais tarde lia tb com agrado as biografias de cientistas e pessoas célebres nas colecções de Adolfo Simões Muller. Em adolescente já lia Pearl Buck, Berthe Bernage ( tão beata:)) e Júlio Diniz.
Os meus filhos já tiveram outras leituras, embora a minha filha fosse muito tradicional e lesse quase tudo o que eu li. Ela propria comprou a colecção Azul novinha e ainda os livros da Anita, os da Enyd Blyton todos. Os meus filhos rapazes gostavam muito do Triangulo Jota e o Clube das Chaves e tb de Uma Aventura...mas o mais novo lia muito Banda Desenhada do Tintin, Asterix, Alix, Lucky Luck, biografias, livros sobre História de Portugal ( cor de laranja) e até vários livros com histórias da Bíblia, que ele adorava. Não tínhamos o hábito de lhes ler antes de irem para a cama, em geral ouviam música que eu punha a tocar no corredor junto ao quarto deles.
Os meus netos têm uma panóplia de livros em casa e todas as noites ouvem ler uns tres capitulos de uma história, quer pela Mãe ( que por vezes adormece antes deles) , o Pai ou eu , se calha lá estar. Querem ver os bonecos todos e acompanhar a leitura, é um momento muito doce ao fim do dia.

Queria aqui falar dos livros de poemas para crianças da minha amiga Regina Gouveia,

já vão em três e são muito belos para as crianças, pois juntam o amor pela ciência à poesia. A escritora e professora de Física tem-se desdobrado em workshops para crianças, juntando a Física, a Astronomia e Ciencias, em geral, à Poesia , em escolas por esse país fora. Os testemunhos podem ser lidos no seu blogue Do Caos ao Cosmos e nos blogues das escolas que visitou.

Fica aqui um poema dela para s mais pequeninos:

Perguntaram à Maria


o que era a poesia

e a Maria respondeu:

É saber olhar o Céu,

ouvir as ondas do mar,

e sentir a maresia,

as aves a chilrear,

desde que o sol se levanta,

deixar a areia escapar

por entre os dedos da mão,

é saber ouvir o vento

que traz sempre uma mensagem

quando chega de viagem.

É acarinhar a terra,

cada animal, cada planta,

cada pedra, cada rio.

É cantar ao desafio com o melro,

o gavião, e também a cotovia,

o pardal , o rouxinol.

É saudar o arco-írisnum dia de chuva e sol

In Ciência para meninos em poemas pequeninos