sábado, 22 de janeiro de 2011

O vento e a música



O vento - Van Gogh


Se há coisa que detesto, é o vento...sobretudo este de leste, gelado no inverno e quentíssimo no verão, mas arrastei-me contra ele e fui ao ginásio fazer o meu programa. Como sempre, nem vivalma, fiz os meus exercícios ao som dos Muse - começo a estar viciada nesta banda, que me apaixona e dá asas de adolescente.
Às vezes apetecia-me ir para um lugar, onde as pessoas pudessem dançar , correr, rebolar-se pelo chão, deitar-se, sentar-se, mexer os braços, menear a cabeça , sacudir o capacete ao som da música, como fazem os jovens (?) nas discotecas hoje em dia. Sem ninguém a mandar fazer isto ou aquilo. Liberdade total de movimentos.
Sempre adorei bater os compassos da música e quando vou à Casa da Música, faço um esforço para não estar sempre a mexer com as mãos ou com a cabeça. Não compreendo como é que alguns intérpretes conseguem tocar os instrumentos sem se mexer. A expressividade da música também deriva das posições do corpo, das atitudes físicas perante ela.
No outro dia vi uma cantora no Mezzo que toda ela era melodia e ritmo, desde o sorriso com que cantava até ao modo como agradecia ao jovem maestro Dudamel que corava de cada vez que ela lhe dava um beijo entre árias. Uma cena engraçada.
Hoje na piscina não se aguentava mais do que meia hora, o vento fazia tremer a abóbada de vidro e apesar da água estar a 30º, fora tiritava-se de frio. O que me valeu foi o sauna a 60º. Maravilha!
Acabei um quadrinho que tinha começado ontem, ainda da colecção mini-paisagens.
Ficam muito mimosos e nas molduras do Ikea podem fazer um vistaço (?).Não o ponho aqui já porque não tenho bateria na máquina fotografica.

Aqui vai uma das minhas canções preferidas dos Muse: Sing for Absolution. Não gostam deles?! São amazing!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Pastoral

Hoje antes de ir para o ginásio, resolvi fazer um quadrinho sobre este tema para juntar aos outros que estão à espera de molduras adequadas. Ficou em stand-by enquanto estive fora, mas quando voltei pelas 3.30, estava um sol esplendoroso a jorrar sobre a mesa da cozinha, onde pinto. O quadro
parecia que tinha vida, iluminado pelo sol dourado e convidativo a um passeio bucólico pelos montes e vales, que infelizmente não aconteceu. Fiquei aqui a acabá-lo e parece-me que liga bem com os outros. É pequenino,só tem 20x10 embora na foto pareça enorme.
E para que esta entrada não fique demasiado pobre, acrescento um vídeo espectacular da Sinfonia Pastoral de Beethoven, uma das minhas preferidas, que usei em tempos nas aulas para motivar os alunos para o tema música. Na altura, convidei uma flautista da antiga Regie Symphonie, que era minha colega na Escola Profissional de Música e uma intérprete invulgar, Wendy Quinlan, australiana, para vir tocar uns pedacinhos desta sinfonia na aula. Os meus alunos adoraram. E eu também.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A paz da Chaconne de Bach

Encontrei o texto abaixo num blogue chamado Mus 303 Form and analysis, que vem ao encontro da minha experiência de hoje.

Fui ao ginásio como de costume. Estive lá duas horas e meia, estava sol, a piscina inundada de luz, com reflexos azuis e prateados lá no fundo...onde estão as "pérolas", que em tempos o meu querido neto ia buscar para dar à Avó. Ainda tenho um "colar" oferecido por ele e guardado no coração!:).
Não encontrei vivalma, a não ser as meninas simpáticas da recepção que me perguntaram se não trazia o meu neto. Ainda se lembram de conversas com ele há dois ou tres anos.
Andar na passadeira e na bicicleta durante 30+30 minutos não me custou minimamente, pois levei o Ipod e ouvi música variada do princípio ao fim. Depois de comer uma sopa de grelos na "chafarica" da esquina e de comprar uma flor chamada brótea, que é linda, e duas telas pequeninas no chinês, subi o Campo Alegre a ouvir a Chaconne de Bach, uma das peças mais místicas que jamais ouvi. Houve tempos em que a ouvia todos os dias, numa espécie de catarse espiritual. Tenho-a gravada em violino, piano ( duas) e em guitarra. Foi o meu filho que mas ofereceu. Todas as versões são maravilhosas.

Chaconne

If NASA had asked me what music to send with Voyager II, I would have chosen the Chaconne from Bach's D-Minor Partita for solo violin. Here's why. First, the chaconne represents economy of means out of which humans have an incredible capacity for elaboration and variation. If, after four years of college, you can speak on a topic for fifteen minutes without running out of ideas, you will have succeeded in your education. Bach's chaconne also succeeds. Its "topic" is a chord progression roughly equivalent to: i viio6 i VI iv V. He expounds upon this for nearly fifteen minutes without repeating himself and without losing our attention! Second, this chaconne is a technical piece illustrating not only the ingenuity and perfection of tools (violin), but the capacity of the human body to use them in skillful ways. This work is the most difficult piece of music of all time and on any instrument...it requires incredible musicianship as well as technical mastery of the violin. Third, and most important, the chaconne is a feelingful work that explores the full range of human emotions. It is as if, in spite of economical means and technical wizardry, Bach still gets under our skins and into our hearts.

Peço muita desculpa de não traduzir o texto, mas ele é belo em inglês. Traduzo apenas um pedacinho:

Se a Nasa me tivesse pedido para escolher o trecho musical para levar no Voyager II, eu teria escolhido a Chaconne da Partita para violino solo de Bach(...) em terceiro lugar, e mais importante, a chaconne é uma obra cheia de sentimento que explora toda a paleta de emoções humanas...Bach ainda nos faz vibrar ao máximo na pele e no coração.

Aqui fica uma das versões, tocada pelo violinista que me encantou no Coliseu de Lisboa, quando ainda era uma jovem adolescente, Nathan Milstein. Deleitem-se pois isto é... divino.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Exposição de Teresa Silva Vieira - NATUREZA

Fui hoje ver a expo da minha amiga Teresa, uma das criadoras da Escola Utopia.
Já aqui puz outras entradas sobre esta artista, que me surpreende a todo o momento com novos quadros, qual deles mais atraente e luminoso. Luminosa é a palavra que melhor assenta na obra patente ao público no IAC - Instituto de Artes e Ciências-


Já conhecia algumas das obras pois tinham estado expostas na própria Escola, mas havia uma série, da qual podem ver aqui alguns exemplos, inteiramente nova. Todos estes quadros são á óleo sobre tela.
Infelizmente não trouxe comigo a lista dos quadros com os nomes e preços, de modo que aqui vão aparecer sem título. Do facto peço desculpa à Teresa.


Aconselho vivamente a visita in loco. Os quadros são lindos!

Porto a preto e branco - II




A cidade do Porto é uma joia, mesmo quando o tempo está cinzento, atraem-me os odores a maresia aqui na minha varanda, parece que estamos no alto mar e não foram os carros e autocarros que passam vertiginosamente no Campo Alegre, teria as janelas abertas todo todo o dia. A casa Andresen continua vermelha, escura e triste, só quando lhe dá o sol se anima um pouco, mas não posso deixar de reparar nela, pois é o edifício que mais perto fica da minha casa, mesmo em frente do meu apartamento. Felizmente não pintaram uma secção que fica um pouco mais abaixo e que acho linda, parece uma casa senhorial. Já lá tirei várias fotos interessantes, assim como às estufas meio arruinadas com os canos cheios de ferrugem. Tudo isto tem um caché, patine, o que lhe quiserem chamar e só se descobre aos poucos, quando temos tempo para observar o que nos rodeia. Não gosto muito de visitas guiadas a locais desta cidade - mas não sou contra - pois não me permitem ver as coisas como eu gosto e é muita gente, muito barulho, muito social. Já nas viagens que fiz com o meu ex- nos queixávamos do espírito de excursão, com tempo determinado para tudo. No Muro das Lamentações, em 2000, deram-nos vinte minutos para meditar!! Nunca lhes perdoarei.


Hoje está um dia parado no tempo. As árvores não bulem, o carvalho aqui em frente, que ainda mês passado ostentava folhas laranja e vermelhas, parece uma estátua de encontro ao céu de chumbo. Lindo!

Exercicio físico

Há dias ouvi a minha cunhada dizer que não conseguia sentir-se bem, se ao fim do dia não fizesse 5km (?) na passadeira, necessitava daquele exercício como de qualquer outro hábito que não dispensa. Tendo sido bailarina, tem necessidade de mexer o corpo após um dia de empresa, escritório e trabalho sedentário.Fiquei a pensar. Porque não faço eu passadeira , apesar da minha artrose, do meu joelho que já não tem menisco e de os médicos nunca me aconselharem exercicio, mas sempre fisioterapia? Já tentei toda a espécie de fisio e homoterapia e chego sempre à conclusão de que é bom, mas não adianta nada para perder peso, para me sentir mais em forma, alem deficar carissimo.
Desta vez resolvi mesmo ir avante com este plano. Vou fazer exercício todos os dias, sempre que possível e juntar a isso uma dieta adequada. O meu filho e nora fizeram-no e estão incrivelmente mais bonitos e saudáveis.


Hoje já fiz 30m de passadeira e 30m de bicicleta, uma hora de piscina e ainda 15m de sauna. Senti-me maravilhosamente depois destas quase tres horas no spa. Também vou dormir melhor, pois o exercício ajuda a dormir...
WISH ME LUCK, PLEASE!!:))

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Porto a preto e branco

Há tempos fiz um vídeo do Porto com fotos tiradas por mim em diversas ocasiões e convertidas a preto e branco. Ontem juntei-lhe mais outras tantas, a colecção perfazendo mais de 40 fotos. Tenciono mandar fazer um album com poesia à mistura, ou uma espécie de anotações sobre o que me ocorre ao olhar aquela foto e aquele local.
Esta cidade é linda...para mim o cantinho mais romântico de Portugal. Não é uma cidade faustosa como Lisboa, a minha cidade natal, brilhante, nova-rica e macrocéfala. É tão portuguesa, tão pejada de igrejas, monumentos, lojas,mercados que cheiram a antigo...e tem um je ne sais quoi que atrai os verdadeiros turistas, aqueles que amam a História por detrás dos símbolos.

"A minha cidade"

A minha cidade não se chama Lisboa,
não tem cheiro a sul
e nem por ela passa o Tejo,
mas como ela, tem Nascentes
leitosos e marmóreos...
Na minha cidade os Poentes são de ouro
sobre o Douro e o mar
e só ela tem a luz do entardecer
a enfeitar o granito...
Na minha cidade, tal como em Lisboa
há gaivotas e maresia
mas não há cacilheiros no rio
há rabelos
transportando nectar e almas...
Da minha cidade nasce o Norte
alcantilado, insubmisso
e o sol, quando chega, penetra-a
delicadamente, carinhosamente,
depois de vencido o nevoeiro...
Na minha cidade também há pregões,
gatos, pombas, castanhas assadas e iscas
e fado pelas vielas, pendurado com molas,
como roupa a secar nos arames...
A minha cidade tem também tardes languescentes,
coretos nas praças
velhos jogando cartas em mesas de jardim
e o revivalismo de viuvas e solteironas
passeando de eléctrico...
É bem verdade que na minha cidade
a luz, não é como a de Lisboa
mas a luz da minha cidade
é um frémito de amor do astro-rei
a beijá-la na fronte, cada manhã!...


Maria Mamede


domingo, 16 de janeiro de 2011

Pelos montes e vales


Ás vezes, a pintura leva-nos por caminhos diferentes. Muitos pintores saíam para o campo para pintar, os impressionistas escolhiam os locais para se inspirarem. Não saio de casa para pintar, mas procuro evadir-me virtualmente e consigo fazer algo diferente daquilo que vejo da minha janela.

Hoje fiz estes dois quadrinhos com telas compradas numa loja de chineses. São quase aguarelas....