sábado, 27 de março de 2010

Jacqueline du Pré



Foi uma violoncelista precoce, a quem se preconizava um futuro brilhante, semelhante ao de Anne-Sophie Mutter, que a todos maravilha com a sua virtuosidade. Nascida em Oxford - Inglaterra - notabilizou-se no violoncelo, que começou a tocar aos 4 anos. Ao ouvir na radio o som do instrumento, virou-se para a Mãe, também ela música, e disse: "É isto que eu quero tocar".
Foi aluna dos mais brilhantes violoncelistas do mundo e Rostropovich, ao ouvi-la, concedeu que era a única executante que conhecia capaz de vir a exceder a sua (dele)própria fama e qualidade.



Jacqueline du Pré celebrizou uma peça menos conhecida do grande público - O Concerto para violoncelo de Elgar, que a ela associam todos os que a conheceram. Casada com outro gigante da música contemporânea, o maestro pianista Daniel Barenboim, percorreu o mundo, dando concertos inesquecíveis para quantos os ouviram durante doze anos. Aos 27 foi-lhe detectada esclerose múltipla, doença que a impediu de continuar a carreira; veio a falecer aos 42 anos.
Uma perda enorme para quem a considerava um génio do violoncelo e guarda na memória a sua presença bela, esfusiante e emotiva nos palcos.

Ofereço-vos uma parte do 1º andamento deste concerto, que desde que ouvi pela primeira vez como música de fundo duma série da BBC - Paradise Postponed ( Paraíso adiado) nos anos 80, se tornou uma das minhas peças musicais de culto. Oiçam bem o som do violoncelo e a virtuosidade da intérprete.

quinta-feira, 25 de março de 2010

20.000 visitas

Uma foto e um poema, apenas....para agradecer a todos os que por aqui passaram, passam e passarão ... enquanto este blogue continuar.

Este é um espaço onde me sinto realizada. Todos os dias aqui fico durante alguns minutos, às vezes horas, e sinto que ele me transmite uma enorme esperança nas pessoas, uma ânsia cada vez maior de viver e um infinito amor pela Arte e pela Natureza....

OBRIGADA!


Foz, 2009

Impressão digital

Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
nao vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!!

Inutil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!




António Gedeão

quarta-feira, 24 de março de 2010

Hoje estou nostálgica

Acabou o meu workshop " Brush up your English" e fico com a sensação de que seria capaz de continuar por muito mais tempo. Com alunas destas, motivadas, simpáticas e cheias de respeito pelas "professoras" ( a minha filha coadjuvou-me), vale a pena ensinar...
Levei horas a fabricar os materiais, não usei nada já pronto, a minha filha escreveu sete diálogos , todos eles perfeitamente plausíveis em situações correntes. Hoje ainda estivémos a ver e-mails e espero que me escrevam em inglês...:))
É espantoso como num espaço relativamente pequeno, onde estão expostos os meus quadros por coincidência, ( ou talvez não) me sinto na Escola.
Quem se lembrou desta iniciativa - a dinâmica Adelaide do Espaço Vivacidade ou pessoas suas amigas - teve uma bela inspiração. É bom aprender coisas na nossa idade....e aprende-se tanto como aluno como como professor. Adorei. E espero poder voltar a repetir a experiência, num grau mais elevado, ou a partir dos rudimentos. Tanto faz.

Ontem ao ir para o cinema, tirei uma fotografia a uma magnólia em flor, contrastando com um castanheiro ainda despido de folhas. A luz no céu estava muito especial, sol em dia de chuva....



Fica aqui, dedicada às minhas novas alunas, tão queridas e especiais: Polly, Meryl, Jessica; Sarah, Olivia ( nomes fictícios).I'll never forget YOU!

terça-feira, 23 de março de 2010

ALICE IN WONDERLAND



Não foi para imitar o meu irmão que resolvi escrever esta entrada no blogue, mas apenas porque me deu na telha de ir ver o filme hoje às 14h e pela primeira vez na minha vida, estive sozinha numa sala de cinema, de óculos 3D, com a música, as cores em movimento, as personagens extravagantes, as legendas salientes, os coelhos apressados, rainhas tresloucadas, gatos de olhos faiscantes, lagartas azuis e chapéus malucos ...tudo só para MIM.
EU fui naquelas duas horas uma verdadeira Alice, sozinha no mundo de extravagância e loucura e capaz de acreditar no impossível.

Sempre gostei da menina Alice, candida e forte simultaneamente, dos seus amigos perspicazes, doces e enigmáticos. Li o livro no Colégio Inglês - simplificado, com certeza - e fiquei durante anos com a impressão de que Lewis Carroll era uma mulher. Compreende-se. Nesta história só as mulheres vencem ou são derrotadas, os homens só existem para as servir. Carroll era um feminista avant la lettre!

O filme não me maravilhou, ainda que tenha alguns ingredientes extraordinários, como Johnny Depp, num dos seus melhores papeis, fazendo de Mad Hatter, o chapeleiro maluco, a frágil Mia interpretando a adolescente Alice, que foge do mundo real e dum casamento forjado, Helen Bonham Carter, no papel da Rainha de copas - ia jurar que a cabeça dela era mesmo um coração repleto de cabeleira ruiva! - e last but not least, o gato de olhos verdes sedutores, que se esboroa em thin air falando com a sua voz grave.
Dispensavam-se as aves gigantescas, os cães dinossáuricos e o ambiente surreal que invade as cenas finais do filme.

Reli agora rapidamente o livro online. Não há nada de efeitos especiais na história. Nem no filme de Walt Disney, que é encantador. O julgamento no final do livro é um manual de fantasia e ironia, de nonsense e candura, que desapareceu neste filme, não existe pura e simplesmente. Bem sei que isto não é um remake, mas uma adaptação de dois romances, mas o melhor foi cortado pelo realizador e substituido por uma luta violenta com efeitos visuais que nos entram pelos olhos adentro.

Finalmente, não consigo habituar-me às 3 dimensões. Acho os filmes escuros, leio com dificuldade as legendas, perde-se muito em beleza....dispensava tudo isso e já vi uns quatro filmes nesse formato. Só gostei verdadeiramente dum: A Idade do Gelo, que é fabuloso.

Quando saí do cinema, senti-me fora do buraco, a tarde estava radiosa e os passarinhos cantavam. As árvores cheias de flores, a erva de campainhas e malmequeres minúsculos. Há tardes felizes.

Aqui ficam o princípio e o fim do livro de Lewis Carroll. Desculpem ser a versão original. O meu neto de 4 anos compreenderia Alice muito bem e apoiaria tudo o que ela faz.

Uma maravilha. Wonderful.
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I
ALICE was beginning to get very tired of sitting by her sister on the bank and of having nothing to do: once or twice she had peeped into the book her sister was reading, but it had no pictures or conversations in it, "and what is the use of a book," thought Alice, "without pictures or conversations?'

So she was considering, in her own mind (as well as she could, for the hot day made her feel very sleepy and stupid), whether the pleasure of making a daisy-chain would be worth the trouble of getting up and picking the daisies, when suddenly a White Rabbit with pink eyes ran close by her.
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II

Lastly, she pictured to herself how this same little sister of hers would, in the after-time, be herself a grown woman; and how she would keep, through all her riper years, the simple and loving heart of her childhood: and how she would gather about her other little children, and make their eyes bright and eager with many a strange tale, perhaps even with the dream of Wonderland of long ago: and how she would feel with all their simple sorrows, and find a pleasure in all their simple joys, remembering her own child-life, and the happy summer days.

Lewis Carroll - Alice in Wonderland

segunda-feira, 22 de março de 2010

Underwater

Apesar de ontem ser o primeiro dia de Primavera e de estar um dia glorioso, quente e sem nuvens, deu-me para ficar em casa toda a tarde. Tinha vontade de fazer bolos - fiz uma tarte de leite condensado que os meus filhos adoram - de estar sossegada a ler as cartas de Van Gogh a seu irmão, olhar para as suas telas todas tão apelativas e sensuais. Estive sozinha umas três horas.
Subitamente deu-me vontade de pintar. Fui buscar uma tela grande, pu-la em cima da mesa da cozinha e cobri-a de verde misturado com azul, em degradés mais escuros , mais claros. Foi assim que começou. Depois usei vermelho vivo misturado com amarelo e rosa, de modo a obter uma cor viva salmão e derramei por cima do verde que já tinha secado, com uma palhinha expeli tinta para mais longe de modo a formar desenhos exoticos e com dois pinceis fiz umas algas fininhas e transparentes que se atravessavam pelo mar adentro. Mais tarde acrescentei mais uma mistura, desta feita com amarelo e ocre, de modo a ficar espesso e derramei no canto, formando pingas que salpiquei pelo quadro todo, como tinha feito com o vermelho. Com os pinceis, desenhei formas leves e dansantes, que se espalharam pela tela até cima. Usando tinta esbranquiçada, ainda fiz umas penugens leves, daquelas que se vêem nas fotos do fundo do mar.

O resultado foi este.


Sempre sonhei em mergulhar com garrafas na Praia da Luz e nunca consegui fazê-lo. Limito-me a nadar com óculos e tubinho não muito longe da costa. Nunca vi o fundo do mar como queria. Esta pintura não passa de "wishful thinking".

domingo, 21 de março de 2010

Dia Mundial da POESIA

Coincide com o Dia da Árvore e o começo da Primavera....está um dia maravilhoso e daqui da minha janela só vejo árvores esvoaçando levemente na brisa morna das 2 da tarde. Quietude, solidão auto-procurada.
Estive a ler umas cartas de Van Gogh do site que vos aconselhei veementemente - é fantástico - e estou nostálgica, um pouco deprimida, não conseguindo aceitar que um génio capaz de pintar e desenhar como ele, tenha tido uma vida tão criativa mas tão desprezada, simultaneamente. Não havia compradores para obras tão luminosas. É inacreditável.



A ti Van Gogh,vai aqui um dos meus quadros e um poema da minha amiga Regina, que mo mandou neste dia Mundial da Poesia.

CAMINHO

Oculto no tempo está o caminho

que eu hei-de seguir,

quando me perder

por entre os meandros da minha memória.

Envolta no tempo ou no seu reverso,

eu hei-de partir

para outro universo,

noutra dimensão,

em que o pensamento,

sem grades, algemas,

possa vaguear com asas apenas,

adejar num cosmos pleno de harmonia,

poeira estelar a gerar poesia.


Regina Gouveia