sábado, 13 de fevereiro de 2010

A praia - espaço de liberdade




Não há nada mais benéfico para o meu estado de espirito do que passar umas horas numa esplanada junto à praia em dias de sol. Não é necessário que seja verão, nem sequer que esteja muito quente, gosto de levar um bom cachecol e um kispo e de passear na areia, por entre as rochas da Foz, observar o comportamento das gaivotas - como as invejo de poderem voar, nadar e andar na terra com o mesmo á vontade - e das crianças. Tenho inúmeras fotos tiradas em praias, a que chamo cenas `a beira-mar e de que gosto verdadeiramente, pois todas elas me recordam uma felicidade diáfana, talvez efémera, mas segura e esperançosa. O mundo pode alterar-se, a política descambar, a nossa saúde deteriorar-se, mas esses momentos são sagrados e ficaram registados em fotografia. Nunca mais vão desaparecer da memória. O " para mas tarde recordar" é bem achado....
Cliquem nas fotos para as apreciar bem.








Vão aqui algumas fotos que tirei desde 2004 até agora, na Foz e em Ofir. Espero que gostem.Na próxima vão as de Porto Santo, Praia da Luz e Castelejo, todas elas com pessoas ou gaivotas :)!

Joana Vasconcelos





Não costumo colocar aqui artigos do jornal, mas hoje penso que se justifica.

«Marilyn» de Joana Vasconcelos vendida por meio milhão de euros

A obra da artista plástica portuguesa foi vendida, pela leiloeira Christie`s, pelo triplo do valor base de licitação por cerca de 505.250 libras (573.964 euros).
A obra foi vendida ao lado de outras peças de arte do período pós guerra onde se encontram além de outras peças, obras de Gilbert & George, Andy Warhol ou Roy Lichtenstein.
A base de licitação da peça «Marilyn» era de 100 mil a 150 mil libras (115 mil a 172 mil euros), mas acabou por ser vendida pelo triplo do valor.
A obra, um par de sapatos gigantes, foi criada a partir de tampas e panelas portuguesas, de aço inox e cimento, e possui 1,5 metros de altura, 4,3 metros de comprimento e 2,7 metros de altura.

A peça, datada de 2009, pertencia a um colecionador privado não identificado.

«Marilyn» é uma das quatro cópias de uma primeira versão desta peça realizada pela artista portuguesa em 2007 chamada «Dorothy» e exposta na Bienal de Veneza do mesmo ano.

Segundo Vasconcelos, o objetivo da obra consistia em representar a dualidade da vida feminina, dividida entre a vida familiar em casa e a imagem pública no plano social.

Apesar de terem sido vendidos, os sapatos vão voltar a Portugal, em Março, para uma exposição no Museu Berardo.

Esta foi a segunda peça de Joana Vasconcelos a ser leiloada no espaço de sete meses, depois de «Coração Dourado» ter sido vendida, também na Christie`s, por 192 mil euros.

Em declarações à Lusa, Joana Vasconcelos expressou contentamento:

«É uma conquista importante não em termos económicos mas em termos da internacionalização da obra e do facto de eu ser uma artista portuguesa, a viver em Portugal, e de ter uma obra vendida no mercado internacional por aquele valor. É estar a equiparar os meus preços aos preços internacionais. Ao vender uma peça àquele preço, passo a pertencer a um ranking de valores e de obras», disse a artista.

Joana nasceu em Paris mas vive em Lisboa. Já fez coisas espantosas e completamente originais, como a colcha, elaborada por mulheres do povo, que cobriu parte da Ponte D. Luis em 2008.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Música- Country 1

Esta banda country é uma das que mais aprecio neste momento. Aqui vai uma canção maravilhosa cantada pelos Calexico: Sunken Waltz.É uma valsa.




Washed my face in the rivers of empire
Made my bed from a cardboard crate
Down in the city of quartz
No news, no new regrets
Tossed a susan b. over my shoulder
And prayed it would rain and rain
Submerge the whole western states
Call it a last fair deal
With an american seal
And corporate hand shake
Take the story of carpenter mike
Dropped his tools and his keys and left
And headed out as far as he could
Past the cities and gated neighborhoods
He slept 'neath the stars
Wrote down what he dreamt
And he built a machine
For no one to see
Then took flight, first light

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Abstracto




Ontem fiz este abstracto no atelier. Já o tinha começado há semanas , mas não me estava a sair bem, o meu prof encorajou-me a continuar e ensinou-me,ainda, a técnica para conseguir este efeito. Acho que ficou diferente.
A foto não está maravilhosa, ao vivo é melhor.

O FOGO



Sempre me atraiu e sempre me fez sofrer.

Tenho os chamados " mixed feelings" acerca deste elemento, mas quando me sento á lareira a ouvir música - quase todas as noites agora no inverno - vôo para um país diferente e sinto um conforto interior que quase considero privilégio nos dias de hoje.E é.


Uma das minhas piores experiências na vida foi precisamente um acidente com fogo em casa, há 25 anos. Foi dramático, causado por uma camilha que pegou fogo à alcatifa e fez arder metade da sala, onde tinha prendas do meu casamento e mobílias antigas da avó do meu marido. Sem falar dos manuais escolares que estava a fazer em cima da dita mesa e da caderneta dos alunos com as notas todas. Estávamos nas vésperas do Natal e eu tinha conselhos de turma para atribuir classificações. Um drama autêntico. Durante meses tive de aturar um marido desfeito, uma casa negra e sem lugar para estar, três crianças de 4, 5 e 8 anos que não compreendiam o que se tinha passado e porque é que a sala tinha desaparecido num ápice....e, semanas depois, as intermináveis obras em casa, a ausencia do marido que só vinha dormir a casa, a Escola, as aulas e os remorsos.
Não sei como sobrevivi. Mas cá estou!

Entrei este mês num challenge - concurso do Woophy - sobre o tema FIRE. Arrisquei e tirei várias fotos. Nenhuma delas sofreu alterações excepto a de cor preto e branco. Uma delas já foi muito apreciada pelos fotografos do Woophy, pode ser que ganhe:)). Cliquem nelas, são muito mais belas em formato grande.



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Há quem diga

que o melhor de Lisboa é o comboio que parte para o Porto... em gíria bairrista e um pouco tacanha, na minha opinião. Não concordo...há muitas coisas belas em Lisboa e conheço-as bem, visto que morei 29 anos na minha cidade natal e percorri-a toda durante anos e anos de liceu e faculdade... levava uma hora para chegar a FLUL, era extenuante por vezes, mas fiquei a conhecer bem a minha cidade. Também gostava de passear pelas avenidas novas, na Baixa, ir ao cinema, vasculhar os quiosques do Saldanha e ao mercado do Lumiar, já depois de casada.
Apesar disso tudo, sinto uma certa emoção na Estação do Oriente no momento em que o Pendular vai dar entrada na plataforma e eu sei que vou poder sentar-me confortavelmente num lugar sozinha, com música a imperar sobre todos os outros ruidos que o não são, com um bom livro como aquele de que vos falei hoje ou, simplesmente, a olhar o Tejo tão largo que mal se vê o outro lado, os cabos eléctricos , silhuetas negras em fundo azul ou cinzento, terras e terras do nosso país tão belo...e sair no Porto, minha cidade de adopção, onde sou feliz.

Ontem só tirei uma foto em Lisboa porque estava demasiado cansada e dolorida da consulta para mais esforços, a minha carteira estava pesadíssima com tudo o que lá tinha e limitei-me a ver livros e a comer um qualquer snack na estação antes da viagem.

Tirei esta foto quando o comboio se vinha já a aproximar porque não resisti. Aqui está ela.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O PROFESSOR - a não perder





Ontem fui a Lisboa e não levei nada para ler, esqueci-me, apesar de ter 4 livros na mesa de cabeceira neste momento, todos eles bons. Na Gare do oriente, como sempre, fui á feira do Livro, que é convidativa e colorida no meio do cinzento do betão. Estive uma meia hora a namorar os livros e encontrei este, que vim a ler no comboio e que me entusiasmou tanto que não conseguia parar de ler, apesar dos solavancos do pendular e do enjoo. Há muito tempo que não lia nada tão saboroso, com um sentido de humor ( irlandês) tão inteligente e com um tema para mim mais que apelativo, completamente empático. Já tinha lido o primeiro livro do autor , escrito aos 64 anos - As Cinzas de Angela - de que fizeram um filme excelente.


Este livro é o reverso do primeiro, que ganhou o Prémio Pulitzer e que lançou o autor para a celebridade, narrando a sua infância e adolescência quase traumáticas na Irlanda dos anos 30. Este reporta-se à sua vida uns anos mais tarde, em 1958. Depois de cumprido serviço militar na Alemanha, consegue tirar um curso nos EU e conquistar o lugar com que sempre sonhou: ser professor. Mas a vida e a experiência provam que ser professor não é nada do que ele esperava. Perspicaz, sardónico, sensível e muito comovente.

Vai aqui um aperitivo:

" Irrompem assim pela sala adentro cinco vezes por dia. Cinco turmas, trinta a trinta e cinco alunos em cada turma. Adolescentes? Na Irlanda víamo-los nos filmes americanos, melancólicos, carrancudos, a passearem-se de automóvel e perguntávamos a nós próprios porque estariam melancólicos e carrancudos. Tinham comida, roupa, dinheiro e, mesmo assim, eram maus para os pais. Na Irlanda não havia adolescentes. Andávamos na escola até aos catorze anos. Crescíamos, arranjávamos trabalho, casávamos...alguns anos depois emigrávamos para Inglaterra para trabalhar na construção civil ou para nos alistarmos nos exercitos de Sua Majestade e combater pelo Império."

" Numa sala de aula de um liceu o professor é ao mesmo tempo um sargento instrutor, um rabi, um ombro amigo, um displinador, um cantor, um erudito de baixo nível, um funcionário administrativo, um árbitro, um palhaço, um conselheiro, um controlador de vestimentas, um maestro, um defensor, um filósofo, um colaborador, um dançarino de sapateado, um político, um terapeuta, um louco, um polícia de trânsito, um padre, um pai-mãe-irmão-irmã-tio-tia, um contabilista, um crítico, um psicólogo, o último reduto."

Espectacular.
Leiam e revejam-se se forem professores como eu.

Infelizmente Frank McCourt morreu aos 78 anos e não escreverá mais livros.


O Professor
Colecção: Vidas d´Escritas
Nº na Colecção: 4

Editorial Presença


Sinopse: Neste seu terceiro livro de memórias, Frank McCourt, autor de As Cinzas de Ângela e Esta É a Minha Terra, escreve uma crónica irreverente e vigorosa sobre os trinta anos durante os quais deu aulas em diversos liceus de Nova Iorque. Com o seu característico humor, ressonâncias líricas e honestidade desarmante, McCourt relembra os desafios e as recompensas com que se deparou no ensino público nova-iorquino, criando assim um relato inspirador e comovente sobre as relações humanas e sobre como aquilo que temos para dar e receber pode fazer a diferença na vida de cada um.